AVISO

Meus caros Leitores,

Devido ao meu Blog ter atingido a capacidade máxima de imagens, fui obrigado a criar um novo Blog.

A partir de agora poderão encontrar-me em:

http://www.arocoutinhoviana.blogspot.com

Obrigado

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Os Caminhos de Santigo, vistos pela Donzília Eira

PEREGRINANDO PELOS CAMINHOS DE S. TIAGO

Partimos de Viana no dia 1 de Agosto, às 7h.30m, depois da “bênção do peregrino” celebrada na Igreja Paroquial de Nª. Sª. de Fátima e dada pelo Sr. Pe. Costa.
À entrada da Areosa fomos abençoados pela mãe natureza, com uma persistente chuva que nos encharcou a todos. Mas este incidente não afectou o nosso entusiasmo.
Penso poder falar em nome do colectivo ao afirmar que partimos de Viana, a caminho de S. Tiago, com vontade de que este peregrinar pudesse acrescentar mais qualidade interior à vida de fé neste nosso peregrinar terrestre. Mais ou menos consciente foi o chamamento interior, salpicado por laivos de expectativa de conhecer e experimentar o desafio de calcorrear 170Km, independentemente das agruras do caminho, das alterações climáticas; foi ainda pôr à prova a resistência física, a capacidade de conseguir; foi a descoberta do fascínio de uma viagem de uma semana livre simples, desligada de preocupações materiais que fazem o nosso dia a dia.
Éramos, inicialmente, 22 peregrinos unidos pelo mesmo entusiasmo e alegria, com vontade de nos conhecermos e de partilharmos, no percurso, as alegrias e as dificuldades. Problemas físicos, no entanto, forçaram 2 peregrinos à desistência.
Era um grupo interparoquial, pois era composto por membros de diversas comunidades paroquiais, por amigos e familiares, por jovens e menos jovens que, em situações normais, poderia não reunir as melhores condições para um perfeito entrosamento. Mas o espírito e o objectivo que nos levou a fazer este percurso sentia-se, palpitava em nós, e, por isso, a simplicidade, a tolerância, a entreajuda foi visível e notória e alimentou a amizade.
Nesta forma de peregrinar há um ambiente muito próprio e exclusivo que nos faz descer à terra, para olharmos o mundo, as pessoas, as coisas com olhos selectivos para o bem, o belo, o bom, valorizando as pequenas coisas. Este privilégio nasce não de estarmos cheios de nós mesmos, mas das limitações que sentimos, das dificuldades que passámos, do cansaço, das privações do nosso conforto, do nosso comodismo, de tantas coisas que nos fazem sentir livres, descontraídos, nós mesmos com toda a simplicidade.
Dormir no chão, comer sandes, sentir os pés e os músculos a doer, cansados de caminhar, de subir e descer os montes, apanhar calor, viver no meio da turba anónima, onde o calor humano e o sentimento de abandono de preconceitos, de etiquetas, fazem reduzir o nosso ego ao simples, ao essencial, aos valores da amizade e da entreajuda. “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”, e quando este tudo é buscar o que é TUDO nada nos pode parar.
Durante o percurso houve momentos para orar, para conviver, para partilhar, para melhor nos conhecermos. É assim que se constrói o espírito de grupo.
Não há palavras para relatar a chegada à frente da Catedral de S. Tiago.
Ajoelhamos, rezamos, cantámos, choramos e abraçamo-nos como verdadeiros irmãos em Cristo, unidos no esforço e na alegria da vitória.
A alegria da chegada foi o coroar de todo o nosso esforço, foi a bênção, a recompensa. A Celebração Eucarística do Peregrino mostrou-nos a dimensão do povo de Deus peregrinante, que ali acorre e se reúne para louvar o Senhor.
Valeu a pena todo o esforço dispendido. Cada um de nós viveu uma experiência de vida que o tornou mais enriquecido. Foi mais um marco, mais um ponto de referência que nos poderá ajudar a compreender e a encorajar nas dificuldades, a sermos mais solidários e amigos uns dos outros e a ter vontade de progredir nesta caminhada onde Deus se vai manifestando pela ânsia que temos de perfeição e de infinito. Esta fome interior é a fonte que nos leva a Deus, que é Amor.
Por isso, peregrinar a S. Tiago, a Fátima, a S. João d’Arga … não é mais que ir ao encontro, despidos do supérfluo, frágeis. E a recompensa é esta fome de infinito, é a alegria de que Deus nos olha com amor e alimenta a nossa fome de conversão.
Ao Guia, Hélder Gonçalves, uma palavra de apreço, reconhecimento e gratidão pela organização, pelo seu zelo, pela atenção permanente, pelo trabalho dedicado e generoso.
Ao peregrino condutor, Ricardo Igrejas, o nosso obrigado pela sua generosidade, e dedicação, sempre preocupado em tornar mais suave o nosso peregrinar.
Maria Donzília

Sem comentários: