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sábado, 11 de fevereiro de 2012

AS Faces da Esperança pelo Provincial dos Padres Carmelitas- Frei Joaquim Teixeira,in Chama do Carmo

A mim, tinham-me pedido que apresentasse a perspectiva da doutrina social da Igreja e da espiritualidade sobre a crise. Não sei se dei algum contributo positivo para o debate mas constatei como a voz da Igreja é ouvida e acreditada nestas matérias. Partilho convosco algumas ideias que me têm povoado a mente nos últimos tempos e que pus em comum nesse forum.

Comecei por apresentar grandes questões que nos permitam alargar o horizonte da reflexão e ir aos fundamentos do fenômeno: O que é que está em crise? Porque é que chegamos à crise? Quais os domínios onde ela mais se nota e onde é que estão as suas raízes? A crise é algo que apenas suportamos ou que acolhemos com paz e naturalidade? E no meio da crise, ou crises, ainda há lugar para a esperança? Que contributo têm os homens e mulheres de fé, membros da Igreja, a dar para esta reflexão? A Igreja possui realmente um corpo doutrinai e uma experiência de vida acumulada que lhe permite ter uma palavra no assunto.

Em primeiro lugar, temos a convicção que a crise acontece porque perdemos valores, referências, sentido da vida, esquecemos Deus como referência suprema que nos permite configurar e

hierarquizar valores, critérios, princípios de vida, que nos permite colocar cada coisa no lugar que lhe corresponde. Realmente quando falta Deus, fundamento último da ética e da moral, o homem e as sociedades ficam a um passo da lei da selva, do «salve-se quem puder», da corrupção, dos atropelos à dignidade humana, dos desequilíbrios ecológicos... e de tudo isto temos exemplos abundantes.

Agora, gritamos, alarmamos e apregoamos a crise por todos os lados. Procuramos onde descarregar a insatisfação e revolta perante o ponto a que as coisas chegaram. Penso que esta crise é inevitável porque os padrões de vida que , vivemos ou aspiramos atingir são insustentáveis. Pergunto-me senão precisamos mesmo duma certa dose de crise e de critica (que tem a sua raiz etimológica na palavra "crise") para regressarmos aos fundamentos do real que são a verdade, a justiça, o respeito pela ordem natural das pessoas e das coisas.

O povo crente sempre fez a experiência da crise. Jesus colocou-se e colocou-nos numa situação critica, abalando os falsos fundamentos religiosos e políticos do seu tempo para construir uma nova ordem, uma nova relação das pessoas entre si, com as demais criaturas e com o Criador.

Enquanto se está mergulhado na crise seja ela mais de cariz pessoal, espiritual, social ou econômica... experimenta-se como desagradável, acarreta grandes lutas e sofrimentos.

O importante é que na crise haja um lugar para a esperança. O que nos parece derrotista e pessimista é a crise sem esperança. A crise purifica, recentra-nos no essencial da beleza e da bondade que dão sabor à vida.
in Chama do Carmo


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