AVISO

Meus caros Leitores,

Devido ao meu Blog ter atingido a capacidade máxima de imagens, fui obrigado a criar um novo Blog.

A partir de agora poderão encontrar-me em:

http://www.arocoutinhoviana.blogspot.com

Obrigado

domingo, 24 de junho de 2012

Os decisores políticos, económicos e sociais devem sentir que os cristãos e o cristianismo não são aspectos da vida privada e da sacristia. Opinião de Aguiar Gomes





Como cristãos, vivendo em Por­tugal, sentimos como todos os nossos concidadãos, um travo amargo da falta de esperança generalizada, um povo que perdeu a esperança. Os Portugueses andam angus­tiados. Aumentam as depressões. Crescem os suicídios. A violência intrafamiliar e na sociedade grita-nos, com grande fragor, que a falta de esperança se instalou. Não se vislumbram horizontes de alívio. Pelo contrário, muitos dos nossos concidadãos já perderam a força anímica para encon­trar rotas novas. Parecemos um povo de derrotados. Muitos jovens, determinados a reencontrar-se e encontrar a esperan­ça perdida, fluem para outras geografias econômicas, sociais, culturais e políticas. Empobrecem o País. Envelhecem-no.
Como cristãos, não nos passa despercebida esta angústia generalizada. Procuramos vi- vèr, orientados pela nossa fé, que queremos viva, conseqüente e interventiva. Porque acreditamos que cada homem é a imagem e o reflexo de Deus, não conseguimos tieixar de, publicamente, proclamar que "o amor de Deus se revela na responsabilida­de pelo outro" (Spe Salvi n.°28).
Ao abraçarmos o Evangelho, fazendo dele a força motriz do nosso agir solidário e corresponsável, esforçamo-nos para que "o Evangelho não é (seja) apenas uma comu­nicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera factos e muda a vida" (cf. Idem n.°2)
Por isso, como cristãos que se norteiam pelo Evangelho, temos a forte convicção de que teremos de gerar factos que mudem a vida dos que andam tristes, acabrunhados e infelizes. Daí a necessidade que sentimos de, publicamente, anunciar que "um mun­do sem Deus, é um mundo sem esperança" (cf. Idem n.°44).
Quando toda a nossa envolvência entrou em colapso, e já nada parece ter retorno, a falta de esperança que tece o quotidiano de uma larguíssima faixa de Portugueses, marca de modo vincado a paisagem huma­na de Portugal!
É chegado o momento de proclamar a Es­perança como um valor humano cheio de transcendência, que norteie a nossa vida individual, familiar e colectiva. "Torna-se evidente que o ser humano necessita de uma esperança que vá mais além" (Spe Sal­vi n.°30), de uma esperança que reencontre Deus, se centre em Deus e O busque sem cesar. Basta de nos esgotarmos dia a dia na procura de vãs e falaciosas ilusões de que é possível encontrar a esperança sem Deus, ou, então, nos deuses do consumo, do efêmero e do relativo. Deus, que é Amor, é a única fonte de esperança que nos alivia nos percalços, solavancos e tropeções que diariamente vamos sofrendo.
Por isso urge recolocar Deus em todos os
roteiros das nossas vidas. Sem vergonha. Sem receios. Ele, que é o Alfa e o Ófnega. O Princípio e o Fim.
Impõe-se-nos que a "Tempo e a Contra- Tempo" manifestemos que cremos em Deus que é Amor e rico em misericórdia e fonte de toda a Esperança. Os cristãos, homens e mulheres de esperança, têm de se tornar agentes decididos, interventivos e permanentes semeadores de esperan­ça: Anunciando que a única esperança salvadora é Deus e agindo politica, cultural e socialmente, como é seu direito ina­lienável, nos diferentes meios em que se encontra para que sejam criadas condições dignas e justas para todos os nossos con­cidadãos como premissa da recuperação da esperança na justiça e na liberdade, no progresso harmonioso que respeite todo o homem e o homem todo.
Os decisores políticos, econômicos e sociais devem sentir que os cristãos e o cristianismo não são aspectos da vida pri­vada e da sacristia. Os cristãos são homens e mulheres na plenitude dos direitos, mas também nos deveres de intervenção e de luta pela dignidade da pessoa humana. Chegou a hora de nós, cristãos pela espe­rança, clamarmos bem alto que a esperan­ça é possível. A esperança é necessária. A esperança existe. A esperança urge. Pois só com a esperança se constrói o futuro! Uma sociedade sem esperança desaparece rapidamente. Sejamos todos semeadores de grãos de esperança à nossa volta. Sejamos homens e mulheres de esperança.
A esperança está erradicada na própria natureza humana. A sua falta é um dos mais graves sintomas da anunciada, de­fendida e promovida "morte de Deus" do seculo XX. Mas Deus não morre, Deus é. Os homens, por mais sábios e poderosos que sejam, não podem matar Deus. Mas podem eclipsá-Lo. Escondê-Lo. Afastá-Lo dos olhos e dos corações da humanida­de. Porém, Deus está sempre presente. Disponivelmente amoroso. Não se impõe, Deus propõe-se a todos os homens. Neste momento de gravíssimo eclipse de Deus, e da agonia da esperança, só o regresso a Deus nos devolverá a esperança. Esperança que não se funda na gula do imediato, da deriva relativista em que tudo se eqüivale, na desmedida do consumo que aliena e é ecocida. A esperança que nos impele a busca incessante de Deus e na ordem temporal, a procura teimosa de soluções e alternativas à insatisfação face à medio­cridade e a olhar alienadamente para um estado-solução que não é solução ne­nhuma, porque a solução está em nós, na nossa capacidade de ousar e inovar, de ser solidários, de compartilhar com os outros a nossa angústia e as nossa ideias. A espe­rança é liberdade. A esperança é solidária. A esperança está em Deus.
                                                                                   de Aguiar Gomes, in D.M.





Sem comentários: